quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Outono

Era inverno. Fazia frio. Ainda assim, o tempo aberto. Na sala daquela casa fria, uma lareira se destacava. Todos queriam estar ali. Todos os dias muitas visitas. Agradável.
Seis horas e pouco da manhã, o mesmo ritual. Cortar lenha, pegar pinhão, ligar o fogo e esperar as visitas. Mesmo nos momentos mais particulares, as visitam eram prioridade. Não fosse a alma das pessoas daquela casa, fatalmente não estariam mais juntos.
Amanheceu claro. O alto da montanha reservada para a meditação, o gelo já não era mais firme. O calor. O sol.
Durante 9 meses, a lareira não tinha mais função. O calor, por mais latejante que pudesse estar, deixava a casa mais e mais fria. As visitas não apareciam.
Era verão. Fazia Frio. E o tempo, fechado.
No primeiro floco de neve que do alto da montanha surgia, o ritual quase esquecido parecia ganhar força. A lenha, o pinhão. Mas nada de visitas. Como quem não quer nada, observou. Percorreu quilômetros e concluiu. Todas as casas dali tinham lareira. Todas lotadas.
Quando voltou pra casa, chorou. O seu filho nasceu.
Era primavera. Fazia Frio.

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